*Volta do dia 18 Agosto 2019:
Condeixa-Montemor-Carapinheira-Meco-Cantanhede-Coimbra-Taveiro-Vila
Pouca-Cernache.
Exactamente um ano depois, os 3 ciclistas estão juntos para mais uma volta
de bicicleta. Hoje Nó faz 60 anos, podíamos dizer que já deveria ter idade para
ter juízo, mas continua um grande maluco.
O ritmo é tranquilo até Carapinheira, uma pequena subida até ao Meco. É
altura para ver quem está em forma, quem está a sofrer...claro e também ver o
Nó a subir a 50km/h sem pedalar, agarrado a um carro. Os anos pesam e
subir assim é mais fácil.
Nó estava à espera que eu atacasse na subida para deixar o Abel sozinho.
Fartei-me de rir ver o Nó ultrapassar-me a uns 40-50km/h a subir, que
máquina!!!
A vantagem ganha é suficiente para o Nó ter alguns minutos sozinho, como
ele gosta de dizer :"se eu quiser eu chego à tua frente, pensas o
quê?"
Passado uns kms, o grupo está reunido outra vez.
Nas rectas para Cantanhede, Abel mostra toda a sua potência, nesses
instantes o Nó é só mama, nunca vai à frente.
Num falso plano ponho a bicicleta a 45km/h-50km/h, ligeiramente a descer. O
Nó que ia a mamar é largado, passado um pouco deixa-se apanhar pelo Abel e já
está de novo a mamar. Nó é um génio a pôr todos a trabalhar para ele: ciclistas
e até carros.
Eu e o Abel fugimos do Nó e de dois ciclistas que encontrámos pelo caminho.
Mas o bidon de água do Abel cai no chão, isso obriga-o a parar e a perder um
tempo precioso.
O Nó vem com os outros ciclistas e já está a falar com eles como se os
conhecesse desde sempre. Ouve-se:" vai para a frente, vai, vai, anda lá
pa"
Pausa merecida no café. Nó devora um bolo e quase deixa as migalhas ao
Abel. O bolo estava bom, dizia ele.
Na estrada de Cantanhede a Coimbra Nó sabe que se o ritmo for um pouco mais
forte, será largado. E claro, lá inventa mil desculpas para que o ritmo seja
lento.
Abel vai à frente a comandar o grupo, seguido de perto pelo Nó e por mim.
Nesse instante um ciclista passa por nós numa descida. É preciso alguma coragem
para ultrapassar sozinho numa descida um grupo de ciclistas.
O Nó mete-se ao lado dele e começa a provocá-lo (nada surpreendente).
Esse ciclista deveria pensar: " Quem é este gajo? que grande
maluco!!"
Nó: " vai, dá mais, mais rápido, só isso!"
Eu e Abel olhamos um para o outro e começamos a rir.
Já em Taveiro, na pequena subida para Anobra, o Nó ataca, agarra-me e diz:
"vai vai pedala, leva-me"
Pouco a pouco a distância aumenta para o Abel. Nó utiliza este esquemas
algumas vezes e sempre depois das curvas, onde o Abel não pode ver.
Mas Nó não esperava pela perseverança do Abel. Quase no topo, Abel
ultrapassa o Nó.
Um ligeiro desabafo do Nó: "Eu é que o deixei ganhar, já viste se ele
perde sempre, ele deixa de vir comigo. O gajo com tanto esforço ainda morre e
depois vou dar voltas de bicicleta com quem? Vou sozinho?"
Pequena pausa na fonte de Vila Pouca e na chegada a Cernache, ataco quando
ouço o Nó dizer ao Abel, "vai ataca agora".
*Texto de Renato Pires
*Texto de Renato Pires
Sem comentários:
Enviar um comentário